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Diabetes e Sexualidade: os desafios a superar nesta relação

Texto pela Dra. Sara Viveiros - Psicóloga Clínica e da Saúde


A Diabetes Mellitus é uma doença crónica, caracterizada pela produção insuficiente de insulina pelo pâncreas, ou incapacidade do organismo em utilizar com eficácia a insulina que é produzida. Atualmente classificamos a diabetes como Diabetes tipo 1, Diabetes tipo 2, Diabetes Gestacional e ainda outros tipos de diabetes que ocorrem com menor frequência, nomeadamente tipo LADA (Latent Autoimmune Diabetes in Adults, tipo MODY (Maturity-Onset Diabetes of the Young), Diabetes secundária ao aumento de função das glândulas endócrinas, Diabetes secundária a doenças pancreáticas, resistência congênita ou adquirida à insulina, Diabetes associada a poliendocrinopatias auto-imunes, e Diabetes relacionados à anormalidade da insulina (Insulinopatias).



Complicações da Diabetes

As complicações crónicas desta doença, traduzem-se sobretudo com alterações e prejuízo dos sistemas vascular e neurológico. Para além de órgãos como o coração, os rins ou a retina, também os órgãos genitais podem estar comprometidos com esta patologia crónica, quer pelos efeitos da doença ou mesmo pelas consequências de alguns fármacos administrados no tratamento da doença, o que enaltece a importância da abordagem da sexualidade nas pessoas portadoras de diabetes.


Disfunção Sexual na Diabetes

Vários estudos demonstram uma maior prevalência de disfunção sexual em pessoas diabéticas quando comparadas com outras sem a doença. Estas disfunções podem ter origem numa causa orgânica, como as lesões provocadas nos nervos ou nos vasos sanguíneos ou origem psicológica. No caso específico da neuropatia diabética, complicação comum nesta patologia, esta provoca alterações sensitivas que podem contribuir para a disfunção sexual.


Disfunção Sexual no Homem

No género masculino frequentemente as disfunções sexuais, reportam a problemas ejaculatórios (ejaculação retrograda, precoce e/ou retardada) ou impotência sexual, sendo a disfunção erétil a queixa mais frequente. Outras comorbilidades como a doença vascular, patologia endócrina ou patologia psicológica, podem ainda contribuir para o aparecimento ou agravamento da disfunção sexual na diabetes. É importante uma intervenção que sensibilize para as consequências da doença, particularmente os efeitos da diabetes mal controlada, privilegiando a prevenção e identificação de fatores de risco, mais do que intervenção sintomática na qual frequentemente assistimos a processos avançados de deterioração.


Disfunção Sexual na Mulher

Na mulher, o mau controlo glicémico, a propensão a infeções genitais, ou a depressão podem contribuir para a disfunção sexual. As queixas mais frequentes reportam à perda do desejo sexual e alterações na lubrificação vaginal. Contudo, a anorgasmia (dificuldade em atingir o orgasmo) e a dispareunia (dor na relação sexual) são igualmente problemas no funcionamento sexual em mulheres diabéticas. A disfunção sexual no género feminino tem uma etiologia e decurso multifatorial, com contributo de fatores biológicos, psicológicos, socioculturais e relacionais e impacto na qualidade de vida destas pacientes. Alguns autores descrevem o receio de hipoglicemia durante as relações sexuais, comum sobretudo nas mulheres com bom controlo glicémico e com diagnóstico recente da doença. A ingestão de hidratos de carbono antes ou após as relações sexuais, ou a diminuição da dose de insulina administrada podem ser estratégias uteis. No que concerne à diminuição da lubrificação vaginal, esta pode ser melhorada com medicação ou utilização de lubrificantes vaginais.


A importância da Intervenção Psicológica e Aconselhamento na Sexualidade

O processo de adaptação à doença crónica deve por isso abranger, não apenas estratégias que promovam o ajustamento às vivências diárias da doença, nomeadamente estilo de vida (e.g. exercício físico, alimentação, cessação tabágica, higiene de sono) ou controlo glicémico, mas igualmente facilitar a expressão e estratégias no âmbito das vivências da sexualidade e intimidade dos indivíduos, através de uma visão biopsicossocial.

Uma pior adaptação à diabetes enquanto doença crónica pode contribuir para o agravamento das dificuldades no âmbito do relacionamento sexual. É importante não apenas a implementação de programas educacionais, mas igualmente o aconselhamento e a intervenção no âmbito do funcionamento sexual com as pessoas diabéticas e os seus parceiros/as, promovendo deste modo a sua qualidade de vida.

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